Quem sou eu

Sou tudo aquilo que um dia quis ser. E como ja dizia o mestre do pagode, meu amigo Zeca, "...deixa a vida me levar...". E assim eu vou vivendo, ao sopro do vento, parando ali, aqui, sem nunca deixar a peteca cair. E esse sou eu, escravo da vida. E mesmo que aos trancos e barrancos, faço tudo que ela me mandar.

domingo, 5 de outubro de 2008

Superabundância de estalos cerebrais


Era noite, não fazia nem frio nem calor, a madrugada agitada de MSN não ia lá essas coisas, as mensagens tinham se esgotado e o relógio torto da parede marcava 00h26min, uns três minutos adiantados. Mais cedo estava eu na praia, e ali mesmo - não me pergunte por que - sob um sol fraco comecei a refletir sobre a superabundância de paradoxos que é um pensamento! Logo, fui disperso por uma conversa e outra, e acabei me esquecendo dessa historia. A vibe à mesa não era apropriada para se filosofar, embora estivessem ali os maiores filósofos de boteco que já conheci, mas como disse a vibe não era aquela. No entanto, uma noite sem companheiros on-line para bate-papo me fez retomar o tema da manhã passada.
Pois bem, o fato é que eu pensava justamente sobre tal multiplicidade de divergências em um só estalo cerebral quando olhei pro céu cheio de nuvens, e no meio daquele mar negro-acinzentado me surgiu cortando os ventos como se fosse lançada por São Jorge em época de olimpíada, uma estrela cadente. Nunca fui de acreditar no cosmos, mas, pra não dar sorte ao azar, resolvi fazer um pedido besta, coisa leve:
- Querida estrela cadente, antes de qualquer coisa, boa noite. Assim, eu, meio que passional por dentro, estava meio que a sua espera para fazer, como defino ser, um meio pedido. Então, se não for pedir demais, eu queria que a senhora me fizesse, pelo menos uma vez na vida, pensar em algo, e que desse algo, não surgisse o menor galho de uma ramificação. Por que, puta-que-pariu, com o perdão da expressão, é só pensar em pensar que eu já tô pensando em 5752 coisas diferentes do que eu queria! E no final das contas, ou esqueço o que realmente era importante, ou o que seria uma escolha, vai-se com aquele emaranhado de “pensamentos”. Bom, se realmente não for incomodar, é isso que eu tenho a pedir.
Pois é, ela foi embora sem nem piscar pra mim, me deixando ali, abarrotado de pensamentos, e cheio até o talo de decisões nada bobas para tomar. O contador da vida já marcava 01h15min. Eu digo pronto, agora que me retei! Só saiu daqui quando descobrir por que inferno é impossível pensar em uma coisa, e só. O sol ia raiar e eu lá, refletindo, e refletindo, e voltando sempre pra’quela historia do avesso do avesso do avesso do avesso. Nem minhas fiéis músicas, eternas fontes de inspiração, me ajudavam nessa batalha, os ponteiros batiam as 01h36min e eu não construíra nem uma linhazinha de raciocínio. A noite corria dentro e era difícil encontrar alguém acordado, porém, eu ainda não tinha desistido, e nem pretendia. Podiam queimar uma caixa de vela de sete dias que daquela cadeira eu não levantava sem descobrir.
Só que, às 01h43min, no exato momento em que Sampa parara de tocar, algo me ocorreu. O corpo humano é comumente chamado de maquina perfeita pelos que o conhecem. Logo, genializei: por mais imperfeita que seja uma máquina é necessário mais do que um comando para que ela realize qualquer tarefa. Sendo assim, a máquina perfeita precisa gerar zilhares de “comandos” por segundo, de modo que nós temos que canalizá-los e aglomerá-los em um só que se dispersará em tantos outros para que, enfim, possamos ter uma mínima racionalidade e daí ter a certeza.
Traduzindo as 01h59min:
Querer pensar só e somente naquilo é um pensamento que já nasce falido de argumentos. Pra que só isso? Você pode muito mais. As formigas já me provaram que quantidade importa sim. São 02h04min, à hora de você acordar e ver a diferença de intensidade entre um e mil unidos em um.